Zelensky acusa Rússia de genocídio após a descoberta de mais de 400 corpos na cidade de Bucha

A escala do massacre ainda está sendo investigada, mas a procuradora-geral ucraniana, Iryna Venediktova, afirmou que até o momento foram recuperados os corpos de 410 civis.
O prefeito de Bucha, Anatoly Fedoruk, disse à AFP que 280 corpos foram levados a valas comuns porque era impossível enterrá-los nos cemitérios que estão ao alcance dos disparos.
A empresa de imagens de satélite Maxar apresentou fotos que, segundo afirmou, são de uma vala comum no edifício de uma igreja local.
O servidor público Serhii Kaplychnyi disse à AFP que as forças russas inicialmente se recusaram a permitir que os moradores enterrassem seus mortos em Bucha.
“Disseram que, enquanto estivesse frio, deveríamos deixá-los lá”, afirmou. Quando finalmente conseguiram recuperar os corpos, “cavávamos uma vala comum com um trator e enterramos todos”, contou.
A Ucrânia também acusou a Rússia de “tratamentos desumanos” aos prisioneiros de guerra.
A responsável pelos direitos humanos no Parlamento ucraniano, Liudmila Denisova, disse nesta segunda-feira que os soldados ucranianos recentemente libertados contaram como “foram detidos em um acampamento, em uma vala, em uma garagem”.
Nessa região há cidades portuárias fundamentais para criar um vínculo terrestre entre a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, e as regiões separatistas pró-russas de Donestsk e Lugansk.
Em Mariupol, atacada e bombardeada há um mês pelo exército russo, 90% da cidade ficou destruída, informou seu prefeito Vadim Boichenko.
“Cerca de 130 mil pessoas” continuam presas na cidade, que sofre com falta de alimentos, água e energia elétrica.
“Planejamos retirar os habitantes que restam, mas não podemos fazer isso hoje”, devido aos bombardeios “incessantes”, lamentou.
No leste, especialmente no Donbass controlado pela Ucrânia, a situação é “tensa”, disse o governador da região.
O exército está pronto para enfrentar as forças russas e a população civil deve se retirar o mais rápido possível, admitiu Pavlo Kyrylenko, em coletiva de imprensa em Kramatorsk.
Nesta cidade, mulheres, crianças e idosos embarcaram em trens no fim de semana para sair da região.
“O rumor é que algo terrível está por vir”, comentou Svetlana, uma voluntária que organizou a multidão na plataforma da estação.
O pior conflito da Europa em décadas, causado pela invasão russa em 24 de fevereiro, deixa 20 mil mortos até o momento, segundo dados ucranianos.
O enviado humanitário da ONU, Martin Griffiths, deve chegar a Kiev após visitar Moscou no último domingo, em uma tentativa de conter os combates.
Enquanto isso, as negociações de paz devem ser retomadas nesta segunda-feira por vídeo, embora o negociador russo Vladimir Medinsky tenha dito que é muito cedo para uma reunião entre Zelensky e Putin.
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